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Montijo, 10 de Novembro de 2014
Mas nada que uma bela operação de charme não resolva. Foi anunciado com pompa e circunstância, o aumento do salário mínimo para €505,00. Pouco importa se esse era o valor (acrescido de uma bonificação de €5,00) que deveria vigorar desde Janeiro de 2011, ou seja quase 4 anos atrás, rasgado que foi o acordo de concertação social assinado em 2006. Mais uma vez se realça o cumprimento das obrigações tão propalado pelo executivo... Mas apenas quando os compromissos são internacionais. Para o povo português a relação de confiança pode ser olvidada vezes sem conta que pouco importa.
Este recente acordo é conseguido à custa de uma redução da TSU para os empregadores de 0,75%. Isto quer dizer que foi preciso lançar uma cenoura aos patrões para conseguir um ridículo aumento que só peca por tardio, num ordenado mínimo miserável. Mas esse valor reduzido na TSU será injectado na Segurança Social através do Orçamento de Estado. Mais uma vez pagamos todos e os de sempre passam entre os intervalos da austeridade. Tenho vergonha de dizer que o dinheiro das minhas contribuições ajudam a perpetuar o "escravizante" Salário Mínimo Nacional.
A austeridade é a principal responsável pelo aumento das desigualdades e disparidades salariais. Em épocas de crise, as pessoas parecer ser algo descartável. A pressão sobre o mercado laboral é grande demais e assim o determina. É vulgar dizer que uma vida humana não tem preço. Em Portugal, pelos visto, são mais ou menos €20,00...
Montijo, 27 de Setembro de 2014
Miguel Dias
“São todos iguais!” Esse é hoje em dia o mote para uma análise “séria” do panorama politico-partidário nacional. A descrença e a dúvida nos políticos, sentimento da generalidade da população, afasta o eleitorado do processo democrático e enclausura-o numa liberdade que já não espelha os princípios de Abril.
É certo que Portugal progrediu nos 41 anos de democracia, mas a potencialidade que o país encerra é sem dúvida superior ao patamar que alcançou. E nos últimos tempos assistimos a um fenómeno regressivo; uma marcha atrás civilizacional.
O afastamento entre o povo e os órgãos e instituições do Estado é cada vez mais notório. Tal sucede porque as pessoas já não se revêem no sistema. A democracia representativa deixou de representar a maioria, que simplesmente se abstém de participar nos sufrágios, abrindo mão de um direito tão arduamente conquistado. A cidadania activa é hoje residual.
É urgente reverter este processo, que abre portas a outras formas de regime já conhecidos do passado e que deixaram vincadas nas páginas da história as suas atrocidades. Isto só pode ser feito aproximando a política do cidadão. E nesse ponto os primeiros a dar o passo terão de ser os próprios partidos políticos. Estes devem abrir as suas portas ao cidadão e cidadã comum, incentivando ao exercício político todo/a aquele/a que assim o desejar. Mas esse convite terá de ser genuíno e não uma forma de propaganda. Ouvir as pessoas e conquistar as boas ideias para os programas políticos, realizar primárias abertas para escolha e ordenação das listas a eleições ou abrir a maioria das reuniões políticas à população, são alguns simples exemplos, todos eles vertidos na candidatura cidadã LIVRE / TEMPO DE AVANÇAR.
Apesar da simplicidade das propostas, isto não significa que sejam fáceis. Implicam trabalho e seriedade. Implicam um compromisso de integridade. Mas são, sem dúvida, essenciais se pretendermos reverter a tendência actual, devolver credibilidade ao processo político e salvaguardar a nossa vivência democrática.
Cabe às forças políticas demonstrar que nem todos são iguais. É Tempo de dar o exemplo...
Montijo, 11 de Maio de 2015
Miguel Dias
Umfuturo a várias vozes
Existe um partido recente no espectro político português, que dá pelo nome de LIVRE. Este partido não é como os outros. A ação participativa e deliberativa faz parte do seu ADN. Embora essa génese implique um árduo esforço na constituição partilhada de todas as etapas e documentação do partido, desde os seus estatutos ao programa para atos eleitorais, é também extremamente gratificante para todos os que se envolvem no mesmo e se sentem parte de algo muito maior. Este sentimento de inclusão que paira no LIVRE é real e não apenas encenações ocasionais para um qualquer Congresso passageiro.
Quem nos olha de fora, a uma distância criticavelmente segura, duvida desta lufada de ar fresco, mas quem se aproxima sente essa brisa. A energia que está no pulso de todos os que pretendem fazer algo mais pelo seu país, mesmo que necessitem sair da sua zona de conforto. Nós, os que andamos por lá, sentimos que temos voz e que isso é infindavelmente mais importante do que ter um palco…
Neste partido não existem lugares marcados nem política por convite. Todos partem em pé de igualdade. Para serem candidatos a qualquer eleição terão de se submeter ao processo de primárias abertas. Isto quer também dizer que, pela primeira vez, qualquer cidadão, que se reveja nos princípios do LIVRE e no seu programa, pode ser candidato eleitoral, sem ter de se submeter aos normais jogos e favores partidários.
Podemos dizer que o LIVRE veio para democratizar a própria democracia, tornando-a mais acessível e transparente. Numa época em que os políticos são apelidados dos mais diversos cognomes, maioritariamente pejorativos, e em que a política anda pela ruas da amargura, não pode deixar de ser considerado como um ato de coragem a criação um partido político.
Feito por pessoas comuns e para pessoas comuns, o LIVRE aposta nas suas bases e no conhecimento que estas podem trazer para a política, apelando a todos os que comunguem dos valores de uma esquerda ambientalmente responsável e de uma solidariedade europeia e progressista, para que se juntem a este projeto. Só assim podemos credibilizar a política – dando-lhe conteúdo; importando conhecimento e novas ideias para Portugal.
Outro caminho é possível, que não o da institucionalização da austeridade. Trata-se de um caminho que respeite a Constituição e que promova a construção de um memorando para o desenvolvimento, que funcionará como pedra basilar para o relançamento do país numa ótica progressista.
Este é o caminho que o LIVRE aposta trilhar e este é o projeto que estou certo acordará muitas pessoas da apatia, transmitindo-lhes a noção de que podem também fazer parte da mudança. A construção de um partido de múltiplas esquerdas e de múltiplas vozes, que aposta sempre no diálogo no compromisso e na convergência, como única forma que conhece de fazer política. Uma forma que certamente não é fácil, mas que é indubitavelmente séria.
Em menos de um ano de existência o LIVRE já fez muito, mas tem vontade para fazer muito mais. Atualmente o partido encontra-se focado em 2 vetores: as políticas de convergência tendo em vista um possível compromisso eleitoral já para as próximas eleições legislativas; a implantação do LIVRE no terreno através da criação dos Núcleos Territoriais, estruturas descentralizadoras que visam aproximar o partido da população local.
Em Setúbal nascerá um Núcleo Territorial do LIVRE com uma abrangência distrital. Mais uma tarefa hercúlea, que é quase o habitat natural do LIVRE. Numa lógica geográfica de proximidade, o futuro Núcleo Territorial apostará no trabalho de campo, no contacto com as populações, na promoção de debates onde se formulem opções claras que respondam aos problemas concretos dos concelhos e das suas gentes. Reunirá com as forças vivas do distrito: associações, coletividades, instituições de solidariedade social, partidos políticos e todos os que nos queiram ouvir ou simplesmente falar, fazendo jus à sua política de diálogo e compromisso, tão estimada no seio do partido.
Este percurso que agora se inicia tornar-se-á um pouco menos difícil à medida que as pessoas forem aderindo ao projeto. Os princípios do LIVRE e o que defende estão bem explanados no site do partido em www.livrept.net, encontrando-se também espelhado nas habituais redes sociais. A Comissão Instaladora do Núcleo Territorial de Setúbal tem ao dispor de todos um endereço de correio eletrónico – livre.setubal@gmail.com – onde podem colocar as vossas dúvidas ou fazer as vossas sugestões. Juntem-se ao LIVRE e apoiem o Núcleo Territorial de Setúbal através da vossa intervenção. Basta dar um pouco do vosso tempo a esta causa, que visa tão simplesmente, em primeira análise, a implantação de um governo de esquerda em Portugal, com uma visão plural e uma política progressista e sustentável para o desenvolvimento económico. Dito assim parece mesmo simples. E, se depender de nós e de grande parte da massa crítica, que existe, mas resiste em enveredar num projeto político, será exequível.
O momento é agora! E o LIVRE é o veículo para construção de um futuro a várias vozes!
Montijo, 2 de novembro de 2014
Miguel Dias
Membro da Assembleia do LIVRE e Membro da Comissão Instaladora do Núcleo Territorial de Setúbal
Há mais de 3 anos que marcamos Passos e que encontramos as Portas de saída da Austeridade permanentemente trancadas. Foi-nos dito que só a Austeridade é verdadeira; que só a Austeridade liberta. Só pelo caminho da Austeridade poderíamos recuperar a nossa soberania económica. Como uma espécie de seita, esta foi apresentada como a panaceia para todos os males económicos de que o país padecia (e padece). Com efeito ela já tinha encontrado o terreno desbravado e propício à sua instauração, com PEC atrás de PEC, até ao PECado final…
E assim vamos vivendo uma existência incerta, alicerçada numa precariedade globalizante que a todos afecta. Já nenhuma geração se pode sentir a salvo desta cruzada neoliberal. Os únicos que escapam são os que coabitam a esfera dos interesses económicos instituídos ou algumas castas políticas, em conluio com os primeiros.
A independência financeira terá mesmo sido reconquistada? E o que é que nos trouxe? Um novo Orçamento com mais impostos para o povo (camuflados, transferidos, esverdeados ou adaptados), ao mesmo tempo que se reduz a colecta às grandes empresas. Isto não é acaso, nem forma de chegar às metas orçamentais. Este é o caminho que se pretende implantar no país. Um caminho em que a competitividade irá matar a economia nacional. Um caminho em que a pressão do mercado laboral faz com que os trabalhadores aceitem quaisquer condições e trabalhem por qualquer soldo. As pessoas são descartáveis e desnecessárias, porque há sempre mais no mercado prontas a entrar. Só os números são importantes. Sim, porque esses não mentem. E são maleáveis; dizem precisamente o que quisermos.
É urgente travar este pragmatismo primitivo, que sacrifica as nossas vidas a favor de credores sanguinários. Dos fundos que, por mais que acumulem nunca lhes parece suficiente. Isso é particularmente gravoso no seio da União Europeia, a tal construída para fortalecer a solidariedade entre os povos europeus.
Por tudo isto e muito mais é urgente intervir no rumo do país. Já não basta só pedir responsabilidades. É necessário agir e tomar a dianteira. A Comissão Instaladora do Núcleo Territorial do LIVRE em Setúbal sente que deve fazer a sua parte nesta empresa, dentro das suas possibilidades e tentando mesmo exceder-se. Pois entramos num ciclo que vai exigir o máximo possível de cada um de nós.
VIVA O NÚCLEO TERRORIAL DE SETÚBAL!
VIVA O LIVRE!!!
Pedro Passos Coelho afirma não ser um cidadão perfeito. “Porreiro, pá!”; como diria outro político da nossa praça, entretanto caído em desgraça. Mas o problema não reside na imperfeição de Passos Coelho, até porque já todos suspeitávamos disso há algum tempo. O problema está no facto do actual primeiro-ministro português não ser um cidadão cumpridor! E isso, lamento, não pode ficar enclausurado na esfera da vida privada, porque falamos de alguém que ocupa o cargo político mais relevante a nível nacional. Uma coisa é saber que o primeiro-ministro toma de manhã um comprimido para controlar a tensão, informação que eu muito sinceramente dispensava, prestada pelo próprio em frente às câmaras de televisão numa qualquer feira em ambiente de pré-campanha. Outra é saber se cumpriu ou não os seus deveres e obrigações enquanto cidadão. Não podemos, no caso concreto, estabelecer realidades paralelas.
Tudo isto deriva de uma situação que não pode ser considerado inocente. Já no passado o folhetim Tecnoforma tinha ficado muito mal explicado. Adivinha-se uma sequela. E eis que ela surge, consolidando a ideia de que havia pertinência nas dúvidas então levantadas. Estas estranhas malhas de interesses que se urdem entre interesses económicos de iniciativa privada, mas que vivem numa eterna subsidio-dependência, e as elites políticas não podem dar bom resultado. Já era mau os ordenados, que depois eram despesas de representação, que não deveriam ser acumulados pelo regime de exclusividade, que entretanto foi requerido, bem como o respectivo subsídio de reintegração... E por aí a fora. O não pagamento da segurança social ou os atrasos no pagamento das obrigações fiscais são verdadeiramente inqualificáveis.
A atitude lamurienta e piegas tomada por Passos Coelho após o conhecimento destas notícias é de um desespero confrangedor. A tentativa de apelar ao “lado mole” do eleitorado é ridícula e totalmente despropositada. Até porque este governo colocou-nos a todos “mais tesos” do que qualquer outro. Estamos todos fartos dos lapsos governativos e dos pedidos de desculpa.
Alguns iluminados defendem que não se pode pedir mais a uma figura política do que a um cidadão comum. A um primeiro-ministro não se exige nada demais. Apenas que seja impoluto. E isso não é pedir demais! Porque um primeiro-ministro traz na sua bagagem a legitimidade de milhares de votos, de pessoas que lhe transmitiram as suas esperança e anseios, atribuindo-lhe a governação de um país. Bem sabemos que o primeiro-ministro não é eleito, antes indigitado pelo presidente da república, que normalmente nomeia o partido com mais votos para formar Governo. Mas na prática, os eleitores sentem que seu voto constitui uma legitimação do cargo de primeiro-ministro. Não é pedir demais exigir que o primeiro-ministro tenha uma relação honesta com os eleitores e cumpridora com o Estado. Pedir demais é aumentar brutalmente as contribuições e impostos e nesse mesmo ano fazer vista grossa a uma dívida para com a Segurança Social...
A única saída digna para todo este folhetim seria a demissão. Clara e irrevogável. Mas a dignidade significa muito pouco nos tempos que correm. O seu “rating” anda pelas ruas da amargura...
Montijo, 9 de Março de 2015
Membro do LIVRE e Promotor da candidatura cidadã – Tempo de Avançar
Miguel Dias