Decidir é preciso

26-08-2015 09:00

Existem em Portugal mais de 20 partidos políticos legalizados. Surpreendido(a)? É natural, pois na maior parte das vezes ouvimos falar de 3. Vá lá, no máximo 5 ou 6. Ocasionalmente em períodos eleitorais, lá aparecem algumas notícias secundárias dos chamados “pequenos partidos”. Assim é feita a divulgação da informação política, ajudando (mesmo que seja involuntariamente) a perpetuação dos mesmos e facilitando a malha tecida pelos interesses instituídos. Chamam-lhe critérios editoriais. Pois sim... Eu chamar-lhe-ia “minimalismo editorial fortemente influenciado por que detém os grupos de comunicação em Portugal”, mas se calhar seria um nome por demais extenso e injustamente generalista.

A 4 de Outubro de 2015, véspera do 105.º aniversário da implantação da República, a maioria dos partidos políticos, sozinhos ou coligados, irão a votos. Ainda não fiz a contabilidade do número de linhas que terão os boletins, até porque já decidi o meu voto. Mas consta que será batido um recorde. Isto traz à baila duas observações: por um lado, vai satisfazer a mania tão portuguesa de andar a brincar ao Guiness; por outro, abre o leque de escolha para todos os cidadãos. O indeciso e o abstencionista têm aqui uma hipótese real de esmiuçar o panorama partidário no sentido de perceber se existe algum movimento que se aproxime dos seus pontos de vista.

A maioria das pessoas que ousarem fazer o exercício de conhecer melhor os partidos, seus princípios e conteúdos programáticos chegarão à conclusão que se revêem no partido X ou Y. Assim, no dia das eleições legislativas, poderão escolher, em consciência, aqueles que julgam melhor defenderão os seus interesses e o interesse nacional. Este último ponto é fulcral. É importante frisar que o voto não é, nem deve ser, um, acto egoísta. É evidente que do somatório das escolhas individuais surgirá a vontade colectiva. Mas é necessário ponderar muito bem qual o custo da nossa opção, sob pena de elegermos quem deixa para trás os mais fracos e indefesos, como se tornou normal nesta Europa “moderno-liberal”. A evolução social deve ser contrária à lei do mais forte. Isto terá de ter peso na altura de depositar o voto na urna.

O sufrágio universal é a base do sistema democrático moderno. E sim, foi uma conquista árdua. Sem a escolha popular não pode existir verdadeira democracia. É evidente que esta não se extingue no acto do voto. Cada vez mais interessa que a sociedade seja curiosa, participativa e exigente. Usar estas eleições para escolher forças políticas que se abram à cidadania é por isso fundamental. Cabe à sociedade vigiar, analisar e responsabilizar os(as) candidatos(as) que forem eleitos pelo partido em que votarem e, principalmente, pelo seu círculo eleitoral. Na realidade o verdadeiro trabalho político começa após os resultados eleitorais apurados e não na altura da campanha ou pré-campanha. Qualquer candidato(a) a deputado(a) à Assembleia da República sério(a) sabe disso.

Está nas nossas mãos ditar a composição do próximo parlamento nacional. Os próximos 4 anos serão da maior importância no futuro do país. Eles podem significar a viragem necessária de rumo e a aposta numa real alternativa ou o perpetuar da austeridade que vivemos e desesperamos. Por mim faço votos que se forme um hemiciclo plural, repleto de novas forças, de espírito eminentemente progressista e, acima de tudo, que seja eleito por uma larga maioria dos votantes. Não é fácil escolher, bem o sei. Mas cruzar os braços à espera que tudo se resolva milagrosamente não me parece ser solução. O tempo é de decidir! O voto será uma das formas de resolver Portugal. E o meu voto, se não se importam, decido eu. Que façam todos(as) o mesmo.

Montijo, 25 de Agosto de 2015